Com mais de cinqüenta anos nas costas é obviamente impossível resumir a história do rock em apenas 100 canções. A nossa intenção com esse especial foi o de criar uma espécie de “curso instantâneo” para quem quer conhecer melhor o gênero e sua história (aos experts tentamos trazer novas histórias, abordagens e justificativas para a inclusão de cada música). Apesar do “rock” na chamada, “pop” cairia melhor já que a idéia aqui foi tentar mostrar as inúmeras ramificações pela qual o gênero passou (soul, rap, funk, disco, pós punk, progressivo, grunge, psicodélicos, bandas de garagem, reggae...) desde os anos 50. Assim a lista é abrangente o bastante para abraçar nomes famosos e outros nem tanto, bandas que gravaram uma grande música e desapareceram e outras que criaram tanta coisa marcante que foi difícil decidir qual (ou quais) canções deveriam entrar.
Tentamos também ser objetivos na criação da lista evitando que o gosto pessoal interviesse no resultado (assim se você sentir falta de alguma banda ou artista saiba que nós também deixamos inúmeros favoritos de fora). Ainda assim, quem souber ler nas entrelinhas vai ver que a relação tem na verdade bem mais que 100 canções.
Os 100 nomes são assim uma espécie de “consenso da crítica”, com artistas e músicas que sempre figuram em eleições de “melhores de todos os tempos” (o site www.rocklist.net foi uma das maiores fontes). O nosso dedo entrou mais na hora dos critérios, sendo o principal deles o de evitar ao máximo a repetição de nomes a não ser que ele fosse indispensável (os artistas com duas ou mais mudanças radicais de estilo em sua trajetória). Por esse mesmo critério não incluímos canções das carreiras solo de ex-membros de bandas já incluídas (o que justifica a ausência de John Lennon, Lou Reed e Iggy Pop, entre outros).
A inclusão das músicas baseou-se em diversos critérios para evitarmos uma listagem monótona. Por vezes escolhemos a música mais famosa, em outras a mais influente e em algumas situações a que acreditamos ser a melhor porta de entrada para o artista ou gênero.
Com todas as explicações dadas estamos abertos para críticas, dúvidas e sugestões. Mas, agora é hora de deixar de papo e irmos para: As 100 Músicas mais representativas da era do Rock!
Elvis Presley: That's All Right, Mama ( click para ver a letra)
Ou a pedra fundamental do rock 'n roll. A história de That's Alright Mama já virou lenda. Conta-se que no intervalo de uma de suas primeiras gravações, em 5 de julho de 1954, Elvis começou a brincar com uma antiga canção country no que foi seguido pelo pessoal da banda. Sam Philips, o produtor e dono dos estúdios Sun, perguntou o que era aquilo e pediu para eles não pararem. Surgia ali o misto de country e blues que viraria o rock'n'roll e Philips provou que estava certo quando disse que se encontrasse um branco que cantasse como negro ficaria rico.
Little Richard: Tutti Frutti
Mais que uma música um grito de guerra selvagem e primal. Tutti Frutti representa bem o que era Richard nos anos 50: o primeiro rock star sexualmente ambíguo, um homem que causava polêmica e escândalo 9e com isso obviamente conquistava fãs). Poucos anos depois Richard se convenceu que o rock era coisa do diabo e tornou-se pastor. Hoje em dia ele já encontra-se em paz consigo e sua obra e segue tocando seus velhos hits pelo mundo.
Buddy Holly: That'll Be The Day
Se o rock dos anos 50 era rude e cru, Holly era o oposto disso. Buddy Holly preferia fazer canções mais melodiosas com raízes fortes no country e no pop das décadas anteriores. Ele também foi o primeiro rockeiro com pinta de nerd, com seus óculos de lente grossa e cara de bom moço. Por isso pode-se falar que foi ele que abriu caminho para o surgimento do conceito de “pop/rock”. Buddy Holly, com sua banda The Crickets, também criou o formato básico de uma banda de rock: duas guitarras, baixo e bateria. Dentre as poucas gravações que deixou em vida, That'll be the Day é uma das mais felizes, mas discoteca nenhuma está completa sem uma boa coletânea dele com outros sucessos como Peggy Sue e Oh Boy. Holly aparentava ter um futuro brilhante, mas tudo se interrompeu no dia 3 de fevereiro de 1959 quando Holly perdeu sua vida em acidente aéreo. Paul McCartney, um de seus maiores fãs compraria no futuro o direito de suas canções.
Chuck Berry: Johnny B. Goode
Berry talvez só perca para Jimi Hendrix no quesito guitarrista mais influentes do pós guerra. Seus riffs e trejeitos foram imitados, aumentados e, por vezes, até aperfeiçoados, mas jamais igualados. Berry também se mostrou um dos melhores letristas do rock com suas histórias cheias de malandragem que atingiam o coração de teens ao redor do planeta. É difícil selecionar só uma canção para representá-lo, mas Johnny B Goode cumpre bem a tarefa pois além de ter sido um dos maiores sucessos do cantor e guitarrista, ela logo entrou para o repertório de vários artistas e bandas iniciantes ou não com o decorrer do tempo.
Ray Charles: What I'd Say
Antes havia o sagrado (a música Gospel) e o profano (o Blues). Ray numa tacada de gênio juntou as duas coisas em um só e criou o Rhythm 'n Blues que iria evoluir e se tornar nos anos seguintes a soul music. What I'd say, tinha 8 minutos originalmente e acabou dividida em duas partes no compacto. Outras duas versões foram feitas para agradar aos lojistas e pessoal de rádio. O resultado compensou: Esse foi o primeiro disco de Ray a vender 1 milhão de cópias.
The Shirelles: Will You Love Me Tomorrow?
Os grupos de garotas também foram uma das manias no início dos anos 60 (e sempre fizeram parte da história do pop das Shangri-las e Supremes até as Pussycat Dolls e Destiny's Child)). As Shirelles fizeram grande sucesso com essa canção de Carole King (que na década de 70 se tornaria mega estrela e regravaria a música em uma versão tristíssima e também antológica). Além da melodia e do arranjo cativantes o que chamava a atenção era a letra de temática feminista, bastante ousada para a época, que contava a história da garota que ouvia os maiores elogios do cara e depois se perguntava se”amanhã ele ainda a amaria”.
Antes havia o sagrado (a música Gospel) e o profano (o Blues). Ray numa tacada de gênio juntou as duas coisas em um só e criou o Rhythm 'n Blues que iria evoluir e se tornar nos anos seguintes a soul music. What I'd say, tinha 8 minutos originalmente e acabou dividida em duas partes no compacto. Outras duas versões foram feitas para agradar aos lojistas e pessoal de rádio. O resultado compensou: Esse foi o primeiro disco de Ray a vender 1 milhão de cópias.
The Shirelles: Will You Love Me Tomorrow?
Os grupos de garotas também foram uma das manias no início dos anos 60 (e sempre fizeram parte da história do pop das Shangri-las e Supremes até as Pussycat Dolls e Destiny's Child)). As Shirelles fizeram grande sucesso com essa canção de Carole King (que na década de 70 se tornaria mega estrela e regravaria a música em uma versão tristíssima e também antológica). Além da melodia e do arranjo cativantes o que chamava a atenção era a letra de temática feminista, bastante ousada para a época, que contava a história da garota que ouvia os maiores elogios do cara e depois se perguntava se”amanhã ele ainda a amaria”.
Roy Orbison: Crying
Nos anos 50 Roy gravou muito rockabilly para a Sun. Mas foi só quando se tornou baladeiro é que sua carreira engrenou. Suas canções eram deliciosos pequenos dramas que ganhavam muito com seus falsetes. Roy gravou outros clássicos do pop como In Dreams e Oh pretty Woman, mas Crying é mesmo sua obra prima capaz de levar não só o personagem da canção, mas qualquer um às lágrimas.
Ronettes: Be My BabyNos anos 50 Roy gravou muito rockabilly para a Sun. Mas foi só quando se tornou baladeiro é que sua carreira engrenou. Suas canções eram deliciosos pequenos dramas que ganhavam muito com seus falsetes. Roy gravou outros clássicos do pop como In Dreams e Oh pretty Woman, mas Crying é mesmo sua obra prima capaz de levar não só o personagem da canção, mas qualquer um às lágrimas.
Entre o fim da primeira era do rock e o surgimento dos Beatles, quem tinha poder mesmo eram os produtores mais do que os intérpretes. E nenhum produtor foi mais famoso e influente que Phil Spector. Aqui ele pôs a prova a sua “parede de som” que consistia em empilhar um sem número de instrumentos criando uma massa sonora de forte impacto. Be my Baby, hit até hoje, foi um dos mais bem acabados exemplos de suas “Sinfonias para os adolescentes” e serve para mostrar como todas as fases de uma música são importantes da composição, passando pela escolha certa do intérprete até chegarmos na gravação e mixagem.
Rock não é precisa de sofisticação (por vezes é melhor que não tenha nenhuma mesmo). Isso nunca foi tão claro quanto nesse verdadeiro hino gravado e regravado á exaustão por inúmeros artistas das mais diversas envergaduras (Troggs, Kinks, Iggy Pop...). Essa é a versão clássica, gravada pelos Kingsmen, que dali despontou para o anonimato. Tudo bem, eles já tinham deixado sua marca na história ao criarem a típica canção que qualquer pessoa pode tocar.
Sintetizar a carreira dos Beatles em poucas canções é tarefa dura. A Hard Days Night entra aqui pelo frescor que ainda exala quando ela é tocada; pelo acorde inicial de guitarra, que até hoje arrepia fãs de todo o mundo, e porque sempre vai estar ligada às cenas inicias do filme de mesmo nome, a melhor descrição do que foi a Beatlemania. Da mesma forma poderíamos lembrar de All My Loving, Help, She Loves You, Yesterday, I Wanna Hold your hand, gravadas entre 63 e 65 e ainda da primeira fase da banda considerada mais “fraca” que as posteriores. E ainda tem quem se pergunte porque eles foram tão grandes...
The Kinks: You Really Got Me
Os Kinks eram a banda de Ray Davies, um dos grandes crônicos da vida social inglesa e compositor de mão cheia. No decorrer dos anos 60 (e também 70 e 80), ele também criou óperas rock, baladas antológicas e brigou muito com seu irmão mais novo Dave Davies. Mais que isso, para muitos ele criou o heavy metal em 1964, ao lançar esses 3 minutos de energia em estado bruto. Segundo a lenda quem toca o solo da música é Jimmy Page – antes de formar o Led Zeppelin ele era músico de estúdio- mas Page até hoje não confirma a história preferindo manter o mistério.
Sam Cooke: A Change is Gonna Come
Para muitos (Rod Stewart por exemplo) Sam Cooke foi o maior cantor que já pisou nesse planeta. Cooke morreu assassinado em 11 de dezembro de 1964. Poucos dias antes havia gravado esse clássico, bastante influenciado pela música de protesto de Bob Dylan e que seria muito usada em manifestos pelos direitos civis da população negra norte-americana. A Change... que mostrava uma guinada na direção da carreira de Cooke (muitas vezes acusado, sem muita razão, de estar diluindo sua música para o público branco) acabou sendo seu epitáfio.
Righteous Brothers: You've Lost That Lovin' FeelingPara muitos (Rod Stewart por exemplo) Sam Cooke foi o maior cantor que já pisou nesse planeta. Cooke morreu assassinado em 11 de dezembro de 1964. Poucos dias antes havia gravado esse clássico, bastante influenciado pela música de protesto de Bob Dylan e que seria muito usada em manifestos pelos direitos civis da população negra norte-americana. A Change... que mostrava uma guinada na direção da carreira de Cooke (muitas vezes acusado, sem muita razão, de estar diluindo sua música para o público branco) acabou sendo seu epitáfio.
Uma das canções mais executadas da história, You've lost é um épico de quatro minutos, (que no selo trazia uma duração de 3:05 para não assustar os radialistas) mais uma vez produzido por Phil Spector, interpretado com a voz de barítono de Bill Medley que fez toda a diferença quando entravam as famosas primeiras linhas: “você não fecha mais os olhos quando lhe beijo os olhos”.
Rolling Stones: (I Can't Get No) Satisfaction
Existem músicas e existem hinos, canções que marcam toda uma geração e continuam fazendo sentido para quem vem depois. Assim é Satisfaction, uma música que pode-se ouvir sem parar e mesmo assim não ficar cansado dela. Satisfaction além de ter se tornado talvez o maior clássico do rock, serviu para mostrar que o quinteto inglês não era mais uma entre as tantas bandas britânicas que estavam conseguindo emplacar na cola dos Beatles mas sim que eles eram uma banda com som e temática próprios e talento e arrogância em quantidades suficientes para lhes garantir um lugar ao sol mesmo quando a chamada invasão dos ingleses chegasse ao fim.
The Byrds: Mr. Tambourine ManExistem músicas e existem hinos, canções que marcam toda uma geração e continuam fazendo sentido para quem vem depois. Assim é Satisfaction, uma música que pode-se ouvir sem parar e mesmo assim não ficar cansado dela. Satisfaction além de ter se tornado talvez o maior clássico do rock, serviu para mostrar que o quinteto inglês não era mais uma entre as tantas bandas britânicas que estavam conseguindo emplacar na cola dos Beatles mas sim que eles eram uma banda com som e temática próprios e talento e arrogância em quantidades suficientes para lhes garantir um lugar ao sol mesmo quando a chamada invasão dos ingleses chegasse ao fim.
Os Byrds foi a banda americana que mais revoluções causou no panorama pop de sua época. Esse foi o primeiro compacto deles e ajudou a misturar dois mundos que vivam separados: o da música folk, reduto de universitários politizados e sem muita paciência para as “frivolidades” e o mundo do rock, representado principalmente pelos Beatles, então em sue auge. Mr. Tambourine Man, levou os Byrds,e seu autor Bob Dylan, ao primeiro lugar das paradas e daria início a uma carreira repleta de grandes momentos como veremos mais abaixo.
Smokey Robinson: Tracks Of My Tears
Se até Bob Dylan disse que Smokey Robinson era o maior letrista vivo, quem somos nós para discordar? Ao lado dos Miracles Robinson forjou o que ficou conhecido como “som Motown”, a saber, uma música doce e rica em melodia, em contraste co o som mais rude e cru que sempre foi o preferido pelos fãs e músicos de black music. Com essa fórmula, a Motown tocou conta dos anos 60 com a sua conhecida “linha de montagem” (pudera, a gravadora ficava em Detroit, a terra das montadoras). Tudo na Motown era estudado: o figurino, a postura do artista e qual o compositor certo para cada cantor ou grupo. Robinson escapava dessa linha porque sabia cantar como poucos e compor como outros menos ainda. Tracks of my tears é o seu ápice. Em cima de uma melodia que ultrapassa os limites da perfeição, Robinson conta a história do rapaz que só demonstra felicidade (“se você prestar atenção você poderá ver os traços das minhas lágrimas”).
Bob Dylan: Like A Rolling Stone
“Existem artistas que falam por sua geração”. Foi assim que Jack Nicholson apresentou Bob Dylan no Live Aid de 1985. Entrar no mundo de Dylan pode ser difícil: as letras são gigantescas, a voz anasalada não ajuda e até para quem fala inglês muito bem pode ser difícil de captar todas as imagens de suas letras. Mas quando você entra nesse planeta dificilmente sai. Essa canção é uma excelente porta de entrada para esse mundo: seja pela linha de órgão criada no improviso por Al Kooper (que sequer sabia tocar o instrumento), pela melodia forte que não cansa, apesar dos mais de seis minutos e pela interpretação carregada de Dylan contando a história da madame que vira mendiga. Dylan gravou vários discos e músicas fundamentais antes e depois desse compacto de julho de 1965, mas aqui mais do que uma simples canção a gente fala de um acontecimento que marcaria a história da arte no século 20. Para se ter uma idéia, o prestigiado jornalista Greil Marcus acabou de lançar um livro todo dedicado a ela, A Rolling Stone a elegeu a melhor música da história do rock e a revista inglesa Uncut também botou a música como o maior acontecimento da cultura pop dos últimos 50 anos.
The Beach Boys: California Girls
Os Beach Boys foram das poucas bandas americanas a fazer frente aos Beatles na década de 60. As composições de Brian Wilson no começo falavam de surf, garotas e carrões em um momento em que, pensava-se, a vida seria sempre um mar de rosas. Em 1965 Brian sofreu um colapso mental e decidiu não se apresentar mais com a banda para se dedicar apenas ao trabalho em estúdio. A decisão foi acertada, já que California Girls mostrava uma sofisticação impensada para quem conhecia os primeiros discos do grupo. Duas curiosidade: a introdução da canção é considerada por Brian o melhor pedaço de música escrito por ele e em 1985 David Lee Roth, o ex-vocalista do Van Halen gravaria uma versão dela com bastante sucesso, que contava com a participação de Brian Wilson.
The Temptations: My Girl
Além de cantor e performer, Smokey Robinson era um dos principais compositores da Motown. Ninguém tirou mais proveito de suas canções que os Temptations (o grupo de música negra mais popular dos EUA nos anos 60). Dentre os inúmeros hits que o grupo teve My Girl brilha como um diamante. Uma canção capaz de cativar sucessivas gerações de ouvintes graças à combinação perfeita de letra e melodia. Na segunda metade dos anos 60, os Temptations largaram Robinson e passaram a gravar discos de “soul psicodélico progressivo” com Norman Whitfield em outra fase rica que merece ser conhecida.
The Who: Substitute
O who surgiu no início dos anos 60 e logo se tornaram a principal banda Mod da Inglaterra (os mods gostavam de soul music, boas roupas, lambretas e de arrumar briga com os rockers). Antes de descobrir a ópera rock, Pete Towshend, o guitarrista e autor de 98% das músicas, era o rei dos compactos. Quase todos os singles que ele compôs para o Who nos anos 60 são não menos que antológicos. Talvez My Generation devesse estar aqui. Mas como, ao contrário do que a letra dizia, tanto ele, quanto vários outros de seus colegas de geração preferiram continuar vivos (e por vezes produzindo material de qualidade) ao invés de morrerem jovens, ficamos com esse perfeito exemplo de canção curta, grossa e capaz de levar o ouvinte para um outro estado de espírito.
..É AMIGO.. É O QUE SEU CANTOR/BANDA/ARTISTA PREFERIDO OUVE.. (ou não)
Continuação da Lista
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