terça-feira, 4 de agosto de 2009

Actriz de Pornografia da Califórnia Apresenta Teste VIH Positivo, Incitando Novo Debate Sobre a Segurança da Saúde para os Actores de Filmes Heterosse

O sexo mais seguro não tem sido uma marca dos filmes pornográficos heterossexuais. A prática comum na indústria pornográfica heterossexual dos EUA é efectuar testes VIH apenas uma vez em cada 30 dias, e nem sequer se ouve falar da utilização do preservativo durante as filmagens. A recente revelação de que uma actriz desta indústria foi diagnosticada como VIH positiva não deveria ser recebida com tanta surpresa. Contudo, criou ondas de notícias nos meios de comunicação nacionais.

A 6 de Junho, uma actriz de filmes para adultos do Sul da Califórnia, referida como a “paciente zero”, apresentou um teste positivo para VIH. Esta revelação levantou uma onda de inquéritos e um avançar e retroceder com a indústria dos filmes pornográficos em relação à prevalência do VIH e à segurança das condições de trabalho dos intérpretes adultos.

O Los Angeles Times tem seguido o frenesim. Os responsáveis de saúde inicialmente disseram que pelo menos 16 adultos que representam neste tipo de filmes revelaram testes positivos para VIH desde 2004, e 60 a 80 intérpretes pornográficos contraem gonorreia ou clamídia, num mês típico. Contudo, os responsáveis desdizem agora estes números, dizendo que não podem ter a certeza que essas pessoas eram realmente intérpretes de filmes para adultos.

As publicações porno lendárias de Larry Flynt abordam uma declaração defendendo as práticas de prevenção da transmissão do VIH na indústria de filmes pornográficos, o que envolve proibir os intérpretes de actuar até que apresentem os resultados mais recentes de testes VIH.

Responsáveis da Fundação Médica de Cuidados de Saúde (AIMHF) - uma clínica fundada em 1998 para fornecer a actores de filmes para adultos testes VIH e outros serviços de suporte - continuam relativamente indiferentes ao facto de que este incidente isolado funcione como uma erupção de novas infecções pelo VIH na indústria. A actriz recentemente diagnosticada trabalhava “muito raramente” em filmes, segundo Brooke Hunter, administrador da AIMHF. Todos os parceiros mais recentes da actriz revelaram resultados negativos para o VIH, informou a revista Los Angeles Times. No entanto, o recente enfoque dos meios de comunicação nas práticas de segurança na indústria impeliu a AIMHF a avançar com os planos para as reformas.

Um perfil da indústria pornográfica americana publicado em 2007 na revista PLoS Medicine afirma que na pornografia homossexual, os preservativos eram uma regra. (Um relatório de 2008 fora da Grã-Bretanha, no entanto, sugere que o sexo anal sem preservativo na pornografia homossexual pode regressar novamente.) Em contrapartida, os actores de filmes pornográficos heterossexuais, geralmente têm evitado o uso do preservativo no ecrã.

Foi apenas há alguns anos, em 2004, quando o então bem-sucedido actor porno Darren James se tornou o centro de um surto VIH que deixou três das suas parceiras, actrizes principais, infectadas e encerrou a produção de filmes pornográficos na lucrativa indústria porno de Vale de São Fernando durante um mês. Os acontecimentos da semana passada incentivaram James a contar a sua história ao Los Angeles Times - e incitam a indústria porno a requerer o uso do preservativonas gravações.

"Estou a pensar, sou invencível... era exactamente assim que era a nossa mentalidade", disse James da indústria porno na entrevista. "Ou seja, você faz o teste, você está limpo." Em resposta às recentes notícias de que um outro actor porno teve um teste positivo, James acrescenta: "Eu previ que iria acontecer novamente."

A indústria cinematográfica de filmes para adultos e os colaboradores das suas instituições de cuidados de saúde acreditam que os seus métodos para proteger os seus funcionários são seguros. Contudo, tal como diz Darren James da sua experiência: "Entre os testes...não sabemos o que as outras pessoas estão a fazer."

Muitos dos que trabalham na comunidade VIH estão bem conscientes sobre o que James está a falar: mesmo que uma pessoa tenha um resultado negativo recente para um teste VIH este pode não inspirar confiança se a pessoa tiver praticado sexo desprotegido (ou se foi exposta ao VIH de outro modo) desde que o teste foi realizado. Testar e conhecer o seu estado VIH é um passo importante - mas testar não é prevenção (mesmo se for um teste de PCR, que pode detectar a infecção VIH que ocorreu nos últimos 14 dias, em vez das habituais quatro a seis semanas). O único modo totalmente eficaz de prevenir o VIH durante o sexo é usar correctamente os preservativos. Na maior parte das companhias de pornografia heterossexual, o uso de preservativo é opcional.

Considerando a disseminação do sexo desprotegido no ecrã nos filmes heterossexuais para adultos produzidos pela indústria cinematográfica, Jonathan Fielding, M.D., M.P.H., o delegado de saúde de Los Angeles, resumiu a questão do seguinte modo para o Los Angeles Times: "Você não enviava alguém para trabalhar na construção de um edifício de muitos andares sem um capacete resistente, então, por que permitimos que esses actores representem sem preservativos?"

Leia a colecção de artigos sobre a indústria cinematográfica de filmes para adultos em The Body.com, para se obter inteirar mais sobre este debate.

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