Com 17 anos de carreira, os mineiros do Skank lançam seu décimo CD, chamado Estandarte. O novo álbum marca o reencontro da banda com o Dudu Marote, que produziu os CDs Calango, de 1994, e O Samba Poconé, de 1996. No entanto, ao invés de buscar as referências deste passado, a parceria proporcionou um novo olhar do Skank sobre a própria música.
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Em entrevista ao Terra, o vocalista Samuel Rosa explicou como a sonoridade do grupo se encontrou com as influências na música eletrônica de Dudu formando essa "combinação estranha" e a expectativa dos fãs da banda, que, segundo o músico, já esperam mudanças.
Além disso, Samuel ainda comentou sobre a atual cena da música brasileira e criticou a falta de empenho dos grupos novos de se focarem no mainstream para divulgar suas composições. "Será que não estamos perdendo novos Cazuzas e Renatos Russos? Essa geração nova joga por terra um legado muito importante, que é a capacidade do pop rock de ser uma música de massa".
Confira a entrevista na íntegra:
Terra - Vocês gravaram esse disco alternado com shows ao invés de ficarem trancados no estúdio. Até onde isso influiu?
Samuel Rosa - Esse consegue ser o disco do Skank mais próximo do palco, de todos que fizemos. Mais de estrada mesmo. Mais pelo fato de ter ficado um bom tempo, no início do trabalho, fazendo som no estúdio. É incrível o que o tempo junto pode fazer uma banda. A gente não tem uma coisa muito rigorosa, mexe nas músicas. E, é até engraçado isso, nosso engenheiro de som falou: 'por que não começam o disco assim?', quando viu a gente tocando no aniversário da minha mulher em um bar em Belo Horizonte, fazendo uma reedição da nossa banda de covers.
Terra - E como foi o reencontro com Dudu Marote, que produziu os álbuns Calango e O Samba Poconé?
Samuel Rosa - A gente foi falar com ele só no final do ano passado. Como foi em cima da hora, ele disse que estava muito a fim. O Dudu é produtor, produtor mesmo, quer mexer em tudo, confronta. Igual quando o Luxemburgo fala que zagueiro é zagueiro mesmo. A gente tinha uma expectativa e apostava em um resultado bacana. Esse disco tem esses encontros com melodias e elementos eletrônicos, essas duas coisas andando juntas, é peculiar. Falei: 'Pronto, dessa estranha combinação vai sair o novo álbum do Skank'.
Terra - Sobre a cena musical brasileira, que vive um momento de incerteza, vocês sentem mais pressão na hora de entrar no estúdio ou há uma tranqüilidade de saber da história da banda?
Samuel Rosa - Que bom que o Skank é uma exceção. Uma das poucas bandas da nossa geração que não acabou. A gente consegue hoje usufruir dessa história que a gente construiu. Hoje essa história já responde por nós, goste dela ou não. A gente consegue ter uma liberdade na medida certa. Ser inventivo, se questionar, ter uma inquietação, o que é benéfico para o disco. Há uma certa expectativa, até mesmo os fãs dos Skank que já esperam uma grande mudança no novo álbum. É possível não ficar se repetindo o tempo inteiro.
Terra - O que você acha que pode acontecer com essa cena atual, que ainda tenta mostrar firmeza para formar um movimento sólido?
Samuel Rosa - O Skank vem de um período que as bandas acumulavam hits, boas vendas, por se tratar de um período mais favorável. Mas sinto que tínhamos uma importância maior na vida das pessoas. Hoje menos. Essa geração nova joga por terra um legado muito importante, que é a capacidade do pop rock de ser uma música de massa, hoje não sinto mais isso. Quando uma banda ganhava um VMB, fosse o Skank ou Raimundos, podia saber que o Brasil inteiro tava cantando a música, o taxista, engenheiro, o médico. Hoje é mais segmentado. Será que vão ter bandas que vão acumular hits e tocar por quinze anos? Talvez a gente não vá ter isso mais. Achava o rock mais adulto, mais maduro. Cazuza, Renato Russo. Acho que tem um discurso de garoto novinho. Mas também, se não for eles pra fazer música pra essa geração, quem vai fazer?
Terra - E o circuito independente?
Samuel Rosa - Essa cena tem criado um corpo legal pra caramba. Eu vejo o quanto esse circuito está organizado, sofisticado e com boas idéias. Só que ao mesmo tempo, não vejo ambição dessa rapaziada de chegar ao mainstream e fazer música pra muita gente, encher a geladeira da casa com a música dele. Alguns chegam até o extremo de cantar em inglês, fica mais restritivo ainda. Que brincadeira é essa? Por que esse pessoal foge da briga boa? Fazer rock em português pra massa. Talvez não queiram arcar com as conseqüências do sucesso. Será que não estamos perdendo novos Cazuzas ou novos Renatos Russos?
Terra - Voltando ao CD, como vocês chegaram na arte do álbum, assinada por Rafael Silveira, e como chegaram nesse conceito?
Samuel Rosa - As outras capas sempre foram estampas, que já existiam, e fomos escolhendo e pedindo permissão, tinha todo aquele protocolo de enviar o disco e eles queriam saber a perspectiva de venda e tal. Acabou sendo uma característica das capas do Skank. A gente descobriu o Rafael através de um livro que ele lançou no ano passado, o cara é genial. Fomos atrás e o convidamos. A gente pôde enviar o álbum pra ele pintar uma tela pra cada música, e elas existem, queremos até fazer uma exposição. No geral, é a capa que tem mais chamado atenção.
http://musica.terra.com.br/interna/0,,OI3226547-EI1267,00-Samuel+Rosa+alfineta+nova+geracao+do+pop+rock.html
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