O medo entremeado em nosso ser é tão grande que nem temos a ousadia de pensar em questionar o que as religiões nos fazem. Mas basta um lampejo de lucidez em nosso caminho para que tudo comece a se descortinar. E, à luz da consciência, as doutrinas religiosas são pífias. Até as denominaria de bobas, se tanto mal não fizessem ao corpo e à mente e, por conseguinte, às nossas vidas.
Em uma análise que não necessita ser tão profunda, as contradições e inconsistências surgem aos borbotões. Nada nas religiões se sustentam por muito tempo. Não há argumentos que a mantenham de pé. Tudo que a encurrala é remetido ao terreno da crença, do dogma. "Creia e será salvo; negue e será condenado".
A nebulosidade é a principal característica. Nada é muito claro. Fica até difícil argumentar em cima de um terreno tão pantanoso, pois para tudo há uma desculpa, um subterfúgio. O interessante é que, uma vez colocado contra parede por fortes evidências contrárias à sua fé, os seguidores se tornam, invariavelmente, agressivos. Em um piscar de olhos, percorrem da demonstração hipócrita de amor ao próximo ao ataque pessoal mais sórdido. E tudo em nome de um criador que duvido que possa existir. Pelo menos nos moldes em que são revelados.
Há algo que não pode ser esquecido. Uma simples pergunta derruba a quase totalidade dos fiéis. Experimente perguntar se já leram a Bíblia. Nem pergunte se entenderam; apenas se se deram ao trabalho de folhear todas as páginas. Não me entram na cabeça certas situações. Como pode alguém dizer que é, por exemplo, católico ou protestante, se nunca leu e entendeu o próprio livro sagrado? É como pilotar um avião sem ter estudado o manual de instruções. Outra que é difícil de engolir: o que significa católico não praticante? Ora, se não é praticante é porque não adotou a religião como parte de sua vida. Um jogador que não atua mais, não é um jogador; é um ex-jogador. Rivelino não é mais jogador. Já foi.
Diante de tanta incongruência, uma delas me leva ao delírio. É a que se refere à beatificação. Por exemplo, frei Galvão, o primeiro santo nascido no Brasil, morreu em 1822. Até 2007, quando foi elevado à condição de santo católico, passaram-se 185 anos. Subentende-se que o representante nacional no mundo santo deva ter ido para um plano superior ao nosso em seguida ao seu falecimento. Após essas décadas todas, o nosso Galvão é conduzido à condição de santo por um ser humano (o Papa) que permanece ainda aqui entre nós, nesse mundo inferior? Que coisa maluca é essa. O que o pobre frei fez nesse tempo todo? Ou o tempo aqui não conta para lá? O Papa não é santo e nem poderia sê-lo. Mas é ele quem concede essa honraria àquele que está em uma dimensão superior? É como o servente de pedreiro conceder ao engenheiro da obra o título de profissional do ano. Loucura, loucura, loucura!
Para não me estender tanto, pois daria um livro, há algo que me dói muito. Mais ainda porque sei que as mulheres fazem isso por medo. Em todas as religiões, mais descaradamente na católica, mulher não tem vez. Nunca atua na vanguarda. É uma integrante de segunda classe. Começa por Deus, que é do sexo masculino. Seu filho, Jesus, também. Além do tal Espírito Santo, outro representante do gênero. O Papa é eleito por um monte de cardeais. Verdadeiro clube do Bolinha (peço perdão pela comparação; perdão ao Bolinha).
Mulher, só Maria, que apenas gestou e pariu, porém sem sentir os prazeres da conjunção carnal. A outra que se destacou, talvez bem mais que os doze apóstolos, foi Maria Madalena, logo relegada à condição de prostituta. Atingida na honra por uma provável falha de tradução (talvez uma das milhares), teve seu papel subestimado à condição de grave pecadora, que foi redimida por Cristo. Suspeito que houve algo de intencional nesse caso. E deve ter partido de um homem. Algo como: "Vamos baixar a bola dessa mulher, senão a gente vai ficar feio na história!" Um outro deve ter dito: "Chama logo ela de puta. Aí arrasa de uma vez!" Por fim, pergunto: por que as mulheres rendem tanta homenagem a essas igrejas masculinas que, de divino, nada têm? Acordem e deixem de ser fantoches!
carlosbayma@hotmail.com
domingo, 26 de julho de 2009
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