Por si só é democrática a realização de prévia para a escolha de um candidato a qualquer cargo eletivo importante. Sob esse aspecto, o PT é o partido mais democrático que temos. Faz prévia até para candidato a prefeito quando são muitos os aspirantes à indicação.
Além de democrática, uma prévia pode também ser conveniente para evitar o risco de divisão futura de um partido. Parece ser o caso do PSDB que dispõe de dois nomes interessados em concorrer à sucessão de Lula - os governadores José Serra, de São Paulo, e Aécio Neves, de Minas Gerais.
Serra lidera todas as pesquisas de intenção de voto aplicadas até aqui. Aécio divide a lanterninha das pesquisas com a ministra Dilma Rousseff, candidata de Lula ao lugar dele. Mais adiante, até por falta de outro nome, Dilma deve se tornar a candidata do PT.
Mas Aécio acha que tem mais chances de se eleger do que Serra. Aposta na sua capacidade de atrair apoios em outros partidos e de montar uma coligação mais ampla do que Serra seria capaz de montar. Nada mais razoável, pois, que ele defenda a realização de uma prévia.
Para Serra, a prévia deveria ser encarada como um antídoto contra o risco de Aécio, por se sentir previamente escanteado da disputa, cruzar os braços ou desfilar em Minas como mais uma vítima da máquina do PSDB paulista acostumada a triturar adversários.
Pelo menos duas vezes, em conversas a sós, Aécio repetiu para Serra: "Você poderá até vir a ser o candidato do partido a presidente da República, só não poderá me humilhar. Minas não toleraria isso". Serra deve ter entendido o que Aécio quis dizer.
Dez entre dez mineiros estão convencidos de que chegou a hora de um político do Estado se eleger presidente. E esse político é Aécio. A prévia servirá para que Aécio derrote Serra. Ou então para que justifique mais tarde seu apoio a ele.
Ricardo Noblat
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