O consultor financeiro do IGF Intelect Gerenciamento Financeiro, Alexandre Lignos, compara o investimento em bolsa ao tráfego de veículos. "Quando estamos dirigindo, precisamos olhar não só para frente, mas para o carro ao lado, atrás e à frente". Neste caso, o mercado de ações demandaria a atenção no veículo mais adiantado, ao mesmo tempo em que a mudança para outro local ou tipo de investimento, teria de ser pautado por cálculos de rentabilidade e percepção pessoal.
Bolsa ou renda fixa?
Para o gestor de recursos da Fundamento Asset Management, Diogo Nagado, o momento ainda é positivo para investir na bolsa, já que traz ações a preços bastante atrativos. Contudo, ele adverte que não se pode desprezar o fato de que o mercado tende a estar bastante volátil nos próximos meses. Para isto, pesam tanto os conflitos externos, quanto o cenário doméstico de inflação e juros.
Na última semana, o Banco Central executou o segundo aumento seguido na Selic, que passou de 11,25% para 11,75% ao ano. Com a divulgação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária) na última quinta-feira, o mercado passou a rever suas apostas para o aumento da taxa básica de juros nos próximos meses, quando era esperada mais uma alta de 0,50 em abril e outra de 0,25 ponto percentual em junho. Agora, passa a ganhar força a expectativa de que o BC promova apenas mais um aumento no próximo mês.
Neste cenário, o economista e professor do Ibmec, César de Oliveira Frade, aponta para a "interessante" rentabilidade do Tesouro Direto, com ganhos acima da renda fixa, no caso de um investimento para um período mais curto. A partir daí, cabe a percepção de cada investidor para escolher entre títulos pré ou pós fixados, sendo a primeira opção mais atrativa para quem aposta na alta da taxação e o pré-fixado para o caso oposto.
"Cada investidor traz um objetivo e necessidades específicas de investimento. Dependendo da estratégia, a migração para a renda fixa, por exemplo, pode não compensar", diz Lignos. O consultor afirma que, para quem aplicou pensando na aposentadoria, ainda não é o melhor momento para deixar a posição. Ao mesmo tempo, avaliar as taxações do Imposto de Renda pode ser decisivo para decidir migrar da renda variável para a fixa.
Momento adverso
O professor do Ibmec não deixa de considerar o investimento na Bolsa de Valores como uma boa opção no longo prazo, já que a década deve ser pautada pelo crescimento dos países emergentes, enquanto o Brasil receberá eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. "Nas últimas semanas, o Ibovespa está devolvendo a forte alta do início do ano. De lá para cá, a queda de 4% é perfeitamente possível de ser recuperada nos próximos meses", diz o professor do Ibmec.
Na contramão, o consultor do IGF adverte que o momento é desconfortável para o investidor com um perfil mais conservador e pouco conhecimento do mercado. Neste caso, a máxima de entrar na baixa para ganhar na alta pode trazer um revés e privilegiar os especuladores. "Muitas pessoas entram de sopetão no mercado e perdem dinheiro pela falta de conhecimento. É preciso tanto a informação técnica quanto o conhecimento do próprio perfil de investidor", diz.
Pesquisa é essencial
Entre os três especialistas consultados pela InfoMoney, o consenso é que se informar antes de investir é o mais importante. Frade, do Ibmec, recomenda uma leitura atenta dos principais prospectos antes de apostar seu dinheiro em ações de empresas. Enquanto isso, Nagado, da Fundamento, recomenda muita pesquisa e um portfólio diversificado, sem esquecer de um tempo todos os dias para observar o cenário econômico e das empresas.
"Defina seu perfil, entenda seu objetivo a curto, médio ou longo prazo. Busque profissionais do mercado, assista palestras, confronte informações com outras fontes", diz Lignos, do IGF. "Perder um mês para decidir estes fatores e ganhar vários anos de boas aplicações é um investimento barato", completa.
Você pode se surpreender!
O professor César de Oliveira Frade, do Ibmec, afirma que o investidor pode se surpreender se superar o medo de investir na bolsa. Em pesquisa de sua autoria, ele concluiu que, em 1996, quem colocou R$ 28 mil reais em um carro, hoje teria ganhado cerca de R$ 1,5 milhão caso tivesse investido nos papéis da Vale (VALE3, VALE5). "Quem não garante que o mesmo não possa acontecer com outra blue chip?", acrescenta.
Para quem tem pouca experiência, as blue chips tendem a ser a melhor opção para começar. A aposta em small caps, empresas pequenas e de baixa capitalização, traz um risco maior por conta da falta de disponibilidade de informações no mercado, diz Frade
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