quinta-feira, 31 de março de 2011

Tiê aparece mais "encorpada" em seu segundo disco

A paulistana Tiê começa a cantar o disco "O Coração e a Coruja" em voz duplicada, como se existissem duas Tiês. "Na Varanda de Liz" faz referência à sua filha de 1 ano e inicia o segundo álbum em tempo de aconchego. A suavidade persiste, mas a sonoridade não repete a do independente "Sweet Jardim", de 2009. A primeira impressão em relação à tímida e introvertida estreia, é a de que Tiê encorpou.

A impressão se confirma a cada nova audição, e não é por menos. Entre os primeiros piados e os de agora, há uma gravadora multinacional (Warner) e a produção tarimbada de Plínio Profeta. O bicho-de-sete-cabeças do "mercado" às vezes faz bem aos indies, nestes tempos pós-derrocada da indústria, e esse parece ser o caso.

O que há aqui, acima de tudo, é uma adaptação geral de tom. Tiê veio com a onda folk subtropical que nasceu em Los Hermanos e virou efeito-manada após Mallu Magalhães. Paga o preço de pertencer à cena paulistana, onde nove em cada dez novos movimentos se sustentam em plataformas do "não" e do culto ao deprê à la rio Tietê. "Só eu sei/ o que é melhor pra mim/ às vezes é mais saudável chegar ao sim", ela afirma, noutra direção, em "Piscar o Olho", uma simpática e sorridente canção sobre... o final de um romance.

Inspirado nos pantanais norte-americanos, mas engrossado por caipirices de São Paulo e do Mato Grosso, o folk subtropical não abandonou de repente a música de Tiê. O que há é uma ampliação de horizonte, e o sol ameaça brilhar lá no final. Plínio Profeta toca banjo, cellos são acrescentados aqui e ali, Marcelo Jeneci traz sua sanfona cabocla (em "Só Sei Dançar com Você", de Tulipa Ruiz), Tulipa e Thiago Pethit fazem coro em pique de "Hits do Underground" (como diriam Miranda Kassin e André Frateschi). Sim, a música de Tiê está encorpada.

O texto do release do disco chama de "exótica" (por quê?) a releitura passarinha de "Você Não Vale Nada", do forrozeiro Dorgival Dantas, um sucesso pós-industrial maciço (e "brega", segundo o release) na interpretação grupo Calcinha Preta. Não há como não soarem deliciosos os versos "você não vale nada, mas eu gosto de você", mas Tiê segue a estratégia desgastada de fazer apropriação supostamente cool daquilo que não é nem quer ser cool. O violão flamenco, aciganado, é uma graça, mas não haverá quem consiga desabrasileirar Dorgival, nem Tiê - ainda bem.

Noves fora, o barquinho navega bem em "A Coruja e o Coração", mais para Tiê que para Tietê. Fortalecida e nutrida pela ponte indie-indústria, ela deixa acontecer o que talvez (tomara) aconteça com Mallu Magalhães quando ela adultescer. O temor de parecer o que é - caipira - e o esconderijo por trás da caipirice "chique" das terras de Bob Dylan é compartilhado por Tiê com Jeneci, Tulipa, Hélio Flanders e seu Vanguart, Céu, Thiago Pethit, Pedro Granato etc. etc. etc. Mas há de se dissipar, já está se dissipando.
http://www.terra.com.br/turismo/infograficos/viajar-graca/

sexta-feira, 18 de março de 2011

Paciente contrai HIV por meio de transplante de rim

Doador adquiriu o vírus no intervalo entre exames e cirurgia.
Caso é o primeiro registrado nos EUA desde os anos 1980.



O Departamento de Saúde do estado norte-americano de Nova York divulgou nesta quinta-feira que um paciente contraiu HIV por meio de um transplante de rim de um doador vivo. Desde 1985, quando se tornou possível detectar o vírus em exames laboratoriais, é a primeira vez que o país registra o contágio por esse meio.

O doador fez exames laboratoriais para saber se seu rim seria compatível com o do receptor, e neles o vírus não foi detectado. No entanto, o órgão foi retirado pouco mais de dois meses depois dos exames. Uma investigação das autoridades de saúde concluiu que ele foi infectado pelo vírus durante esse intervalo.

O caso raro aumenta a preocupação em relação aos transplantes. Um texto do Centro de Controle e Prevenção de Doenças recomenda que uma segunda bateria de exames de sangue seja feita mais perto da data do transplante. Também é sugerido que se oriente o doador a aumentar os cuidados nesse período.

As identidades do doador e do receptor estão sendo protegidas. Ambos são adultos e o doador é um homem, mas o sexo do receptor não foi divulgado.

*Informações de Reuters e EFE
http://saude.ig.com.br/bemestar/o+certo+e+o+errado+na+corrida+de+rua/n1238166431461.html#13

quarta-feira, 16 de março de 2011

Diversidade sexual e Igreja, um diálogo possível

Entrevista especial com Luís Corrêa Lima

Ao analisar a forma como a Igreja aborda temas como a diversidade sexual, o padre jesuíta Luís Corrêa Lima disse, na entrevista que concedeu por e-mail à IHU On-Line, que “nós só podemos saber o que a Palavra de Deus significa para nós hoje, e que implicações ela tem, com um suficiente conhecimento da realidade atual, que inclui a visibilização da população LGBT”. Ele relembra uma carta do Vaticano aos bispos, do ano de 1986, mencionando que “nenhum ser humano é mero homossexual ou heterossexual. Ele é, acima de tudo, criatura de Deus e destinatário de Sua graça, que o torna filho Seu e herdeiro da vida eterna”.

O pesquisador destaca, ainda, uma declaração do Papa Bento XVI, dizendo que “o cristianismo não é um conjunto de proibições, mas uma opção positiva”. Segundo ele, o Papa acrescentou “que é muito importante evidenciarmos isso novamente, porque essa consciência hoje quase desapareceu completamente. É muito bom que um Papa tenha reconhecido isto. Há no cristianismo uma tradição multissecular de insistência na proibição, no pecado, na culpa, na condenação e no medo”.

Corrêa Lima frisa que não cabe “encaminhar os gays a terapias de reversão ou a ‘orações de cura’, que frequentemente são formas escamoteadas de exorcismo. No diálogo ecumênico e inter-religioso da Igreja, recomenda-se conhecer o outro como ele quer ser conhecido, e estimá-lo como ele quer ser estimado. O conhecimento e a estima recíprocos são também o melhor caminho para o diálogo entre a Igreja e o mundo gay”.

E completa: “O grande desafio da diversidade sexual é fazer-se compreender pela sociedade, não como uma ameaça, mas como uma pluralidade existente na condição humana que enriquece o mundo. No fundo, as pessoas querem ser elas mesmas, reconhecidas e aceitas pelos outros”.

Formado em Administração, Filosofia e Teologia, Luís Corrêa Lima também é mestre em História Social da Cultura pela PUC-Rio, onde é professor desde 2004, e doutor em História pela Universidade de Brasília – UnB. É autor de Teologia de Mercado – uma visão da economia mundial no tempo em que os economistas eram teólogos (Bauru: EDUSC, 2001).

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Qual é a importância de a Igreja abordar temas como a diversidade sexual, nos dias de hoje?

Luís Corrêa Lima – A diversidade sexual é um dado da realidade. No passado, gays, lésbicas e bissexuais viviam no anonimato ou à margem da sociedade. Escondiam-se em uniões heterossexuais e, quando muito, formavam guetos. Hoje, tornam-se visíveis, fazem imensas paradas, junto com travestis e transexuais, exigem respeito e reconhecimento, e reivindicam direitos.

Para a Igreja, a lei de toda a evangelização é pregar a Palavra de Deus de maneira adaptada à realidade dos povos, como lembra o Concílio Vaticano II (Gaudium et Spes, nº 44). Deve haver um intercâmbio vivo e permanente entre a Igreja e as diversas culturas dos diferentes povos. Para viabilizar este intercâmbio – sobretudo hoje, em que tudo muda tão rapidamente, e os modos de pensar variam tanto – ela necessita da ajuda dos que conhecem bem a realidade atual, sejam eles crentes ou não. O laicato, a hierarquia e os teólogos, prossegue o Concílio, precisam saber ouvir e interpretar as várias linguagens ou sinais do nosso tempo, para avaliá-las adequadamente à luz da Palavra de Deus, de modo que a Revelação divina seja melhor compreendida e apresentada de um modo conveniente.

A correta evangelização, portanto, é uma estrada de duas mãos, do intercâmbio entre a Igreja e as culturas contemporâneas. Nós só podemos saber o que a Palavra de Deus significa para nós hoje, e que implicações ela tem, com um suficiente conhecimento da realidade atual, que inclui a visibilização da população LGBT.

IHU On-Line – Que elementos de discussão a diversidade sexual propõe para setores da sociedade como a família, a igreja e a escola? Quais são os desafios no que se refere à cidadania?

Luís Corrêa Lima – Por muitos séculos, o homoerotismo foi visto no Ocidente como um pecado nefando (que não deve nem ser nomeado) e como um crime gravíssimo que atrai o castigo divino para a sociedade. Igreja e Estado estiveram unidos. Tribunais eclesiásticos julgavam os acusados de “sodomia”, e os culpados eram entregues ao poder civil para serem punidos. Em casos extremos, a punição chegava à pena de morte.

O homoerotismo foi descriminalizado, e a condição homossexual foi despatologizada. Desde o final do século XX, esta condição não é mais considerada doença. Atualmente o Conselho Federal de Psicologia proíbe as terapias de reversão. Ou seja, algumas pessoas são homossexuais e o serão por toda vida. Elas estão em toda parte. Quem não é gay, tem parentes próximos ou distantes que são, bem como vizinhos ou colegas de trabalho que também são, manifesta ou veladamente. Eles compõem a sociedade, visibilizam-se cada vez mais e não aceitam mais serem tratados como doentes ou criaturas abomináveis. Querem ser cidadãos plenos, com os mesmos direitos e deveres dos demais.

IHU On-Line – O que a fé cristã, na sua opinião, tem a dizer sobre a diversidade sexual?

Luís Corrêa Lima – O mais importante é algo que foi dito numa carta do Vaticano aos bispos, em 1986: nenhum ser humano é mero homossexual ou heterossexual. Ele é, acima de tudo, criatura de Deus e destinatário de Sua graça, que o torna filho Seu e herdeiro da vida eterna. E acrescenta que toda violência física ou verbal contra é deplorável, merecendo a condenação dos pastores da Igreja onde quer que se verifiquem. A oposição doutrinária que possa haver às práticas homoeróticas não elimina esta dignidade fundamental do ser humano. Deus criou a todos. O Cristo veio para todos e oferece o seu jugo leve e o seu fardo suave. Cabe a nós, com fidelidade criativa, conhecermos e darmos a conhecer estes dons divinos.

IHU On-Line – Como a Igreja, a partir da fé e das ciências, pode dialogar com a diversidade sexual?

Luís Corrêa Lima – Certa vez o Papa Bento XVI afirmou que o cristianismo não é um conjunto de proibições, mas uma opção positiva. E acrescentou que é muito importante evidenciarmos isso novamente, porque essa consciência hoje quase desapareceu completamente. É muito bom que um Papa tenha reconhecido isto. Há no cristianismo uma tradição multissecular de insistência na proibição, no pecado, na culpa, na condenação e no medo. O historiador Jean Delumeau fala de uma “pastoral do medo”, que com veemência culpabiliza e a ameaça de condenação para obter a conversão. Isto não se deu somente no passado distante. Também no presente, alguns interpretam a doutrina da maneira mais restritiva e condenatória possíveis, com obsessão pelo pecado, sobretudo ligado a sexo.

Sem a obsessão pelo pecado, o caminho do diálogo se abre. É preciso também respeitar a autonomia das ciências e da sociedade, como determina o Concílio. Não cabe hoje encaminhar os gays a terapias de reversão ou a “orações de cura”, que frequentemente são formas escamoteadas de exorcismo. No diálogo ecumênico e inter-religioso da Igreja, recomenda-se conhecer o outro como ele quer ser conhecido, e estimá-lo como ele quer ser estimado. O conhecimento e a estima recíprocos são também o melhor caminho para o diálogo entre a Igreja e o mundo gay.

IHU On-Line – A Igreja, no Brasil, tem, por meio de publicações, cursos, seminários, proposto o diálogo sobre a diversidade sexual. O que isso significa? Há aí um interesse legítimo dos diversos membros da Igreja, ou esta é uma necessidade da Igreja de se inserir em um novo contexto contemporâneo, em que gays e lésbicas ganham mais espaço? Como interpreta a posição da Igreja nesse contexto?

Luís Corrêa Lima – Constata-se que há no Brasil várias publicações, e de qualidade, sobre diversidade sexual feitas por religiosos ou por editoras católicas. Também há cursos e mesas redondas. Pode-se notar que o interesse é crescente, afinal o contexto da sociedade é inevitável. Em vários ambientes católicos, sejam paróquias, escolas ou centros de pastoral, pode-se tratar do assunto com liberdade. De um modo geral, as eventuais resistências não são barreiras intransponíveis.

IHU On-Line – Os homossexuais já conquistaram o direito de manterem uma união estável no Brasil. Como avalia a luta pela cidadania religiosa no Brasil?

Luís Corrêa Lima – Na verdade, há decisões judiciais que favorecem os conviventes homoafetivos, bem como normas de instituições públicas e privadas no mesmo sentido. Casais homossexuais podem obter em cartório um documento declaratório de convivência homoafetiva. Recentemente o Imposto de Renda e os planos de saúde contemplam estes casais com os mesmos direitos dos casais heterossexuais em união estável. Sobre a cidadania religiosa, nos ambientes religiosos católicos, de um modo geral, muitos gays estão presentes mas não manifestam a sua condição para evitar discriminação. É algo semelhante à escola e ao mundo do trabalho.

IHU On-Line – O que podemos entender por diversidade sexual? Quais os principais desafios da diversidade sexual?

Luís Corrêa Lima – A visibilização dos homossexuais, e a sua organização como movimento social, já usou diversas siglas: Gay (termo anterior a homossexual, que evoca alegria e autoestima), MHB (Movimento Homossexual Brasileiro), HSH (Homens que fazem sexo com homens – sigla ainda utilizada em saúde pública), GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes – sigla adotada pelo mercado) e LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), a mais recente. Há tendências de se acrescentar o ‘I’, de intersexual, para os hermafroditas. O termo diversidade sexual é uma maneira de englobar esta crescente pluralidade, embora com imprecisão.

O grande desafio da diversidade sexual é fazer-se compreender pela sociedade, não como uma ameaça, mas como uma pluralidade existente na condição humana que enriquece o mundo. No fundo, as pessoas querem ser elas mesmas, reconhecidas e aceitas pelos outros.

IHU On-Line – Como o senhor avalia o posicionamento da Igreja em relação à diversidade sexual na sociedade contemporânea?

Luís Corrêa Lima – A Igreja, antes de tudo, está alicerçada na milenar tradição judaico-cristã, ao mesmo tempo em que está presente em diversas partes do mundo, interagindo com a cultura ocidental moderna e com culturas não ocidentais. No judaísmo antigo, acreditava-se que o homem e a mulher foram criados um para o outro, para se unirem e procriarem. O homoerotismo era considerado uma abominação. Israel devia se distinguir das outras nações de várias maneiras, inclusive pela proibição do homoerotismo. A Igreja herdou esta visão antropológica com sua interdição.

Alguns conteúdos doutrinais mudam ao longo dos séculos, como é o caso da legitimidade da escravidão e da proibição do empréstimo a juros. Isto mostra que eles não comprometem o núcleo da fé. Outros conteúdos também podem mudar, mas não há como prever. De qualquer maneira, a consciência individual tem um peso decisivo em questões complexas como esta. Este papel não deve ser omitido ou subestimado. O Concílio reconheceu o direito de a pessoa agir segundo a norma reta da sua consciência, e o dever de não agir contra ela. Nela está o “sacrário da pessoa”, onde Deus está presente e se manifesta. A fidelidade à consciência une os cristãos e os outros homens no dever de buscar a verdade, e de nela resolver os problemas morais que surgem na vida individual e social (Gaudium et Spes, nº 16). Nenhuma palavra externa substitui o juízo e a reflexão da própria consciência.

IHU On-Line – Entre os evangélicos também há discordância em relação à homossexualidade. Entretanto, qual sua opinião sobre a Igreja Cristã Contemporânea, coordenada pelo casal de pastores homossexuais Fábio Inácio de Souza e Marcos Gladstone?

Luís Corrêa Lima – Entre os evangélicos, a oposição à homossexualidade em geral é mais intensa, com práticas frequentes de exorcismo para expulsar o demônio que supostamente toma conta da pessoa. Os que continuam a cometer atos homossexuais são muitas vezes expulsos de suas igrejas, ou sofrem um assédio moral devastador que os faz sair. Como o mundo protestante é fragmentado em diversas denominações, gays evangélicos fundaram igrejas inclusivas para acolherem crentes repelidos por suas igrejas de origem.

As igrejas inclusivas nasceram nos Estados Unidos, na ampla constelação do movimento gay. A Igreja Cristã Contemporânea é um rebento brasileiro com notável difusão no Rio de Janeiro. Os pastores Fábio e Marcos protagonizaram o primeiro casamento público entre dois pastores gays, com grande repercussão na mídia, muita simpatia da militância LGBT e forte execração dos evangélicos tradicionais.

IHU On-Line – Quais são, no seu entendimento, as razões que dificultam o consentimento das religiões aos homossexuais?

Luís Corrêa Lima – As grandes religiões monoteístas – judaísmo, cristianismo e islamismo – enraízam-se em tradições milenares consignadas em textos sagrados antigos, situados em horizontes socioculturais bem diferentes do nosso. Estas religiões se vincularam a uma suposta heterossexualidade universal, expressa no imperativo “crescei-vos e multiplicai-vos’” do livro de Gênesis. Por outro lado, há religiões de matrizes africanas que aceitam os gays. Na verdade, a heterossexualidade não é universal, nem na espécie humana, nem entre os animais. No mundo animal, já se conhecem atualmente mais de 450 espécies com indivíduos homossexuais.

Certa vez um rabino disse que a tradição não é um bastão de uma corrida de revezamento. O bastão é sempre mesmo, passando de mão em mão. A imagem correta da tradição é uma casa em que vivem sucessivas gerações. Cada uma delas pode dar o seu toque peculiar e até fazer reformas internas. Mas a casa é sempre reconhecível por quem passa na rua. Assim é a tradição: um legado vivo, constantemente enriquecido para ser fiel a si mesmo. O teólogo Yvez Congar afirmou que a única maneira de se dizer a mesma em um contexto que mudou, é dizê-la de modo diferente. A mensagem cristã precisa se reinventar sempre se quiser ser Boa Nova.

IHU On-Line – As uniões homoafetivas representam uma ameaça à tradição?

Luís Corrêa Lima – Não, pelo contrário. A união entre o homem e a mulher conserva seu valor e função social, e permanece como sinal bíblico do amor entre o Senhor e o seu povo eleito, e do amor entre Cristo e a Igreja. As uniões homoafetivas não ameaçam as uniões heterossexuais, pois estes não são gays enrustidos prestes a debandarem diante da possibilidade de união homossexual. E nem os gays têm obrigação de se “curarem” e de se casarem com pessoas de outro sexo. Até porque, para o direito eclesiástico, este casamento é nulo. Uniões gays e uniões heterossexuais são de naturezas distintas e não concorrem entre si.

Um documento do Vaticano de 2003, sobre o reconhecimento civil da união entre pessoas do mesmo sexo, fez severa oposição à equiparação ou equivalência desta forma de união àquela entre homem e mulher. No entanto, ele afirma que, mesmo assim, podem-se reconhecer direitos decorrentes da convivência homossexual. Este é um passo muito importante. Se não houver nenhum reconhecimento social ou proteção legal às uniões gays, o preconceito homofóbico difuso na sociedade vai pressionar os gays a contraírem uniões heterossexuais. O que já acontece há séculos continuará acontecendo. É lastimável, pois isto traz enorme sofrimento a muitas pessoas.

IHU On-Line – O que deve fazer parte de uma reflexão moral sobre o amor homossexual?

Luís Corrêa Lima – Antes de tudo, a vocação fundamental do ser humano é amar e ser amado. O amor é a plenitude da lei e da vida em Cristo. E o próprio Cristo ensina que a lei foi feita para o homem, e não o homem para a lei. Para a reflexão moral, convém escutar a Palavra de Deus e buscar uma teologia que supere a leitura ao pé da letra; e que leve em conta a Tradição, o ensinamento da Igreja, os sinais dos tempos e os saberes seculares.

A moral não deve se limitar ao ideal, mas deve estar atenta ao possível, à situação em que cada um se encontra e aos passos que pode dar. O papa tratou recentemente do uso da camisinha, e afirmou que em algumas circunstâncias ele representa o primeiro passo para uma humanização da sexualidade. É preciso buscar sempre os caminhos de humanização.

IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?

Luís Corrêa Lima – Sim. Jesus afirmou que há eunucos de nascença, eunucos feitos pelos homens e eunucos que assim se fizeram pelo Reino dos Céus (Mt 19,12). Esta frase, um tanto estranha, tem um sentido literal e um sentido não literal. No caso de eunucos feitos pelos homens, trata-se de castração. No caso de eunucos pelo Reino dos Céus, trata-se do próprio Jesus e dos que renunciaram ao casamento para se dedicarem inteiramente à obra de Deus. Não há propriamente castração. E quem são os “eunucos de nascença”? Para os primeiros leitores do Evangelho, talvez fossem pessoas com um defeito físico que impossibilita o casamento. Mas para nós, hoje, é indispensável considerar aqueles que por natureza, em razão de sua libido, não se destinam ao casamento tradicional. São os gays. Eles têm seu lugar no plano divino. E também devem tê-lo na sociedade e na Igreja.


Fonte: Unisinos

segunda-feira, 14 de março de 2011

Em períodos de volatilidade, saiba avaliar se é melhor entrar ou não na bolsa

SÃO PAULO – Desde o início do ano, o índice da Bolsa de Valores de São Paulo acumula queda de 3,78%, rondando os 66 mil pontos, se considerado o pregão da última sexta-feira (11). Os primeiros meses do ano mostraram-se atribulados para a renda variável, muito em função dos conflitos políticos no Oriente Médio, as incertezas sobre o abastecimento de petróleo mundial e a crescente inflação na China e também aqui no Brasil. Desta forma, o momento acabou por dividir o investidor entre a oportunidade de se posicionar na baixa ou de diversificar seus investimentos em segmentos mais seguros.

O consultor financeiro do IGF Intelect Gerenciamento Financeiro, Alexandre Lignos, compara o investimento em bolsa ao tráfego de veículos. "Quando estamos dirigindo, precisamos olhar não só para frente, mas para o carro ao lado, atrás e à frente". Neste caso, o mercado de ações demandaria a atenção no veículo mais adiantado, ao mesmo tempo em que a mudança para outro local ou tipo de investimento, teria de ser pautado por cálculos de rentabilidade e percepção pessoal.

Bolsa ou renda fixa?

Para o gestor de recursos da Fundamento Asset Management, Diogo Nagado, o momento ainda é positivo para investir na bolsa, já que traz ações a preços bastante atrativos. Contudo, ele adverte que não se pode desprezar o fato de que o mercado tende a estar bastante volátil nos próximos meses. Para isto, pesam tanto os conflitos externos, quanto o cenário doméstico de inflação e juros.
Na última semana, o Banco Central executou o segundo aumento seguido na Selic, que passou de 11,25% para 11,75% ao ano. Com a divulgação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária) na última quinta-feira, o mercado passou a rever suas apostas para o aumento da taxa básica de juros nos próximos meses, quando era esperada mais uma alta de 0,50 em abril e outra de 0,25 ponto percentual em junho. Agora, passa a ganhar força a expectativa de que o BC promova apenas mais um aumento no próximo mês.
Neste cenário, o economista e professor do Ibmec, César de Oliveira Frade, aponta para a "interessante" rentabilidade do Tesouro Direto, com ganhos acima da renda fixa, no caso de um investimento para um período mais curto. A partir daí, cabe a percepção de cada investidor para escolher entre títulos pré ou pós fixados, sendo a primeira opção mais atrativa para quem aposta na alta da taxação e o pré-fixado para o caso oposto.
"Cada investidor traz um objetivo e necessidades específicas de investimento. Dependendo da estratégia, a migração para a renda fixa, por exemplo, pode não compensar", diz Lignos. O consultor afirma que, para quem aplicou pensando na aposentadoria, ainda não é o melhor momento para deixar a posição. Ao mesmo tempo, avaliar as taxações do Imposto de Renda pode ser decisivo para decidir migrar da renda variável para a fixa.

Momento adverso

O professor do Ibmec não deixa de considerar o investimento na Bolsa de Valores como uma boa opção no longo prazo, já que a década deve ser pautada pelo crescimento dos países emergentes, enquanto o Brasil receberá eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. "Nas últimas semanas, o Ibovespa está devolvendo a forte alta do início do ano. De lá para cá, a queda de 4% é perfeitamente possível de ser recuperada nos próximos meses", diz o professor do Ibmec.
Na contramão, o consultor do IGF adverte que o momento é desconfortável para o investidor com um perfil mais conservador e pouco conhecimento do mercado. Neste caso, a máxima de entrar na baixa para ganhar na alta pode trazer um revés e privilegiar os especuladores. "Muitas pessoas entram de sopetão no mercado e perdem dinheiro pela falta de conhecimento. É preciso tanto a informação técnica quanto o conhecimento do próprio perfil de investidor", diz.

Pesquisa é essencial

Entre os três especialistas consultados pela InfoMoney, o consenso é que se informar antes de investir é o mais importante. Frade, do Ibmec, recomenda uma leitura atenta dos principais prospectos antes de apostar seu dinheiro em ações de empresas. Enquanto isso, Nagado, da Fundamento, recomenda muita pesquisa e um portfólio diversificado, sem esquecer de um tempo todos os dias para observar o cenário econômico e das empresas.
"Defina seu perfil, entenda seu objetivo a curto, médio ou longo prazo. Busque profissionais do mercado, assista palestras, confronte informações com outras fontes", diz Lignos, do IGF. "Perder um mês para decidir estes fatores e ganhar vários anos de boas aplicações é um investimento barato", completa.

Você pode se surpreender!

O professor César de Oliveira Frade, do Ibmec, afirma que o investidor pode se surpreender se superar o medo de investir na bolsa. Em pesquisa de sua autoria, ele concluiu que, em 1996, quem colocou R$ 28 mil reais em um carro, hoje teria ganhado cerca de R$ 1,5 milhão caso tivesse investido nos papéis da Vale (VALE3, VALE5). "Quem não garante que o mesmo não possa acontecer com outra blue chip?", acrescenta.
Para quem tem pouca experiência, as blue chips tendem a ser a melhor opção para começar. A aposta em small caps, empresas pequenas e de baixa capitalização, traz um risco maior por conta da falta de disponibilidade de informações no mercado, diz Frade

quinta-feira, 10 de março de 2011

Um em quatro aprovados desiste da USP

Dos 10.652 nomes que constavam na primeira chamada da Fuvest (vestibular da USP) neste ano, 2.562 não se apresentaram para a matrícula, informa a reportagem de Laura Capriglione e Fábio Takahashi publicada na edição desta quinta-feira da Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL)

Veja a lista por curso
Sonho de cursar universidade pública está mais amplo

O resultado dessa espécie de evasão instantânea é que nunca foi tão gorda a lista da segunda chamada. Em 2005, de 9.567 aprovados na Fuvest, 1.243 desistiram da USP na primeira chamada --dava 13% do total.

Cursinhos, reitoria da USP e MEC atribuem o fenômeno à multiplicação de vagas nas universidades federais, ao Sisu (Sistema de Seleção Unificada) --pelo qual um estudante pode disputar vagas em várias universidades públicas pelo Enem--, ao ProUni e ao Fies (financiamento estudantil do governo federal).

A Fuvest já divulgou a terceira lista de aprovados, na expectativa de preencher 1.113 vagas ainda sem dono.

Leia a reportagem completa na Folha desta quinta-feira, que já está nas bancas.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Bar X academia

Por que será que é mais fácil freqüentar um bar do que uma academia?

Para resolver esse grande dilema, foi necessário frequentar os dois (o bar e a academia) por uma semana.


Vejam o resultado desta importante pesquisa:

Vantagem numérica:
- Existem mais bares do que academias.
Logo, é mais fácil encontrar um bar no seu caminho.
*1x0 pro bar.**

Ambiente:
- No bar, todo mundo está alegre. É o lugar onde a dureza do dia-a-dia amolece no primeiro gole de cerveja.
- Na academia, todo mundo fica suando, carregando peso, bufando e fazendo cara feia.
*2x0.**

Amizade simples e sincera:
- No bar, ninguém fica reparando se você está usando o tênis da moda. Os companheiros do bar só reparam se o seu copo está cheio ou vazio. *3x0.*

Compaixão:
- Você já ganhou alguma saideira na academia?
Alguém já te deu uma semana de ginástica de graça?
- No bar, com certeza, você já ganhou uma cerveja 'por conta'.
*4x0.*

Liberdade:
- Você pode falar palavrão na academia?
*5x0*.

Libertinagem e democracia:
- No bar, você pode dividir um banco com outra pessoa do sexo oposto, ou do mesmo sexo, problema é seu...
- Na academia, dividir um aparelho dá até briga.
*6x0.**

Saúde:
- Você já viu um 'barista' (freqüentador de bar) reclamando de dores musculares, joelho bichado, tendinite?
*7x0.*

Saudosismo:
- Alguém já tocou a sua música romântica preferida na academia? É só 'bate-estaca' , né?
*8x0.*

Emoção:
- Onde você comemora a vitória do seu time?
No bar ou na academia?
*9x0.*

Memória:
- Você já aprontou algo na academia digno de contar para os seus netos?
*10x0 pro BAR!!!**

Portanto, se você tem amigos na academia, repasse este e-mail para salvá-los do mau caminho!**

PS: Você já fez amizade com alguém bebendo Gatorade???


E AGORA, A MÁXIMA DE UM GRANDE FILÓSOFO.


"A cerveja e a cachaça são os piores inimigos do homem. Mas quem foge dos seus inimigos é um covarde" (Zeca Pagodinho, sambista e sangue-bom)