Cassia Janeiro
Recentemente muitos artistas declararam ser portadores da Doença Maníaco-depressiva ou Transtorno Bipolar, como hoje é chamado. A lista é grande, tanto dos contemporâneos quan to dos que já nos deixaram: Van Gogh, Virginia Woolf, Paul Gauguin, Marlon Brando, Ernest Hemingway, Silvia Plat, Baudelaire, Alan Poe etc. Cássia Kiss e Stephen Fry são os mais comentados do momento por terem exposto suas feridas em público, fato que traz inúmeros benefícios quando se fala em combater o estigma que cerca as doenças mentais.
Certo dia fui dar uma entrevista num canal de TV por ocasião do lançamento do meu livro. O entrevistado que me antecedeu era um psicólogo famoso. Nos bastidores, o gentil apresentador nos chamou e disse que eu era bipolar. Para meu espanto, o psicólogo disse: “E quem não é?” Fiz uma lista para ele de quem não era: quem não tem oscilações patológicas, quem não tem predisposição genética, quem não precisa tomar remédio para o resto da vida... Enfim, a resposta do eminente psicólogo demonstra o nível de discussão a respeito de uma doença crônica, biológica em sua origem, potencialmente fatal e apenas controlável, mas incurável. Qual o impacto da patologia na vida de uma pessoa e no seu ambiente de trabalho?
As estatísticas mostram que, entre bipolares não tratados, 20% cometem suicídio. Metade faz ao menos uma tentativa, mas 30% escapam. Do total de suicídios, 98% se dão entre pessoas com transtornos mentais. Cerca de 36% acontecem entre bipolares, o maior percentual. A depressão é a primeira causa de afastamento do trabalho do mundo. Devemos considerar, contudo, que 40% das pessoas classificadas como somente depressivas (unipolares) são, na realidade, bipolares.
No Brasil a média de internações por transtorno mental é de 60,5 dias. Portadores de Transtorno Bipolar (TBP) perdem, em média, 65 dias de trabalho anualmente, somados aos 27 dias por aqueles acometidos por depressão. Entre os fatores estão as crises, que levam à hipo ou hipersonia, à dificuldade de se adaptar a uma rotina de trabalho e aos medicamentos. Por desconhecimento, essas pessoas, que sofrem profundamente, são classificadas como preguiçosas, inconstantes etc.
Em estado de mania ou hipomania, a pessoa praticamente não tem necessidade de sono e pode virar noites e noites trabalhando. A alta produtividade é aceita e estimulada, recebe elogios, mas poucos sabem que a hiperatividade tem um custo muito caro para os bipolares.
Como se tratar? O TBP não é diagnosticado pela depressão, que é quando a maior parte dos doentes procura um psiquiatra. Para ser bipolar, o indivíduo tem que ter tido pelo menos um episódio de mania ou hipomania. A doença demora, em média, 10 anos para ser diagnosticada e as pessoas passam por, pelo menos, 7 psiquiatras. A dificuldade está justamente em separar a depressão unipolar da bipolar. Um antidepressivo para um bipolar (sem regulador de humor), pode equivaler a dar um revólver em suas mãos. É a energia que falta para que o sujeito, que antes não tinha nenhuma força, acabe se suicidando. Por isso, é importante que, ao procurar um psiquiatra, o paciente seja claro quanto à sua genética (pais, irmãos, avós, tios, primos etc) e quanto aos episódios de mania ou hipomania, se houver.
O tratamento para TBP é medicamentoso (para o resto da vida), com estabilizador de humor e, em alguns casos, associado a antidepressivos. A psicoterapia tem papel importante, desde que acompanhada pelo medicamento, que é essencial. Bipolares que não se tratam vivem, em média, 8 anos menos que a população geral. A aderência ao medicamento é essencial para o equilíbrio.
Pessoas com transtornos mentais ou doença mental continuam a ser prejudicadas e discriminadas em todas as áreas de suas vidas, como encontrar um lugar para viver ou um trabalho. Não é surpreendente que muitos com doença mental grave terminem pobres ou sem teto. Cabe a todos nós tomarmos conhecimento do dano que provocamos com nossas atitudes e nossos preconceitos.
Os transtornos mentais afetam não apenas quem sofre deles, mas a família, os amigos e, se formos pensar solidariamente, a todos.
Como reconhecer a mania?
Para ter característica de mania é necessário ter 3 ou mais sintomas abaixo descritos:
- sensação de grandiosidade, a pessoa se acha o máximo ou fica irritada sem motivo;
- gasta muito dinheiro em coisas sem importância e pode fazer dívidas desnecessárias;
- diminui o número de horas que dorme, sem perder energia ou ânimo;
- tem muitas idéias, pensamento rápido;
- fala rápido (tagarela), pulando de um assunto para outro;
- não consegue prestar atenção por muito tempo em uma coisa, distrai-se facilmente, age sem pensar;
- corre riscos, não vê perigo por se achar “poderoso” (dirige perigosamente, briga verbal ou fisicamente com desconhecidos, envolve-se sexualmente com várias pessoas);
- pode usar álcool e drogas;
- tem a sensação de ser poderoso, de ter habilidades e dons especiais, de ser invencível;
- agride as pessoas fisicamente ou com palavras;
- perde ou diminui a capacidade de analisar as situações;
- em casos mais graves, pode ver coisas, ouvir vozes e delirar;
- fica muito irritado ou alegre demais, exageradamente, sem nenhum motivo.
*A hipomania é um estado de euforia um pouco mais leve que a mania e pode ser tão ou mais grave, já que, na maioria das vezes, ninguém repara e é confundida com estados de alegria, muito trabalho ou de irritação. Isso dura dependendo da pessoa. Às vezes, pode levar anos sem que ninguém perceba.
A depressão é geralmente confundida com tristeza. Mas a tristeza é um sentimento comum quando acontece alguma coisa ruim em nossa vida. Quando esse sentimento demora demais ou não tem sentido para quem olha de fora, pode-se falar em depressão. Ela pode se arrastar por dias, meses ou até anos.
Os principais sintomas são:
- sentimentos profundos de tristeza;
- sensação de vazio, falta de esperança que, em alguns casos, pode se mostrar como irritação;
- perda ou diminuição do interesse por coisas que antes davam prazer (trabalho, diversão, sexo);
- diminuição ou aumento de peso/apetite;
- excesso ou diminuição da necessidade de sono;
- inquietação ou sensação de estar mais lento para fazer tarefas que antes fazia sem dificuldade;
- cansaço exagerado, sensação de fraqueza;
- pensa que é inútil, é pessimista, se desvaloriza e se sente culpado;
- não consegue pensar direito, se decidir ou lembrar das coisas;
- pensa em morte e pode fazer planos para se matar;
- tem dores ou outros sintomas físicos sem causa nenhuma.
O paciente:
- fica maníaco e depressivo ao mesmo tempo (pensamentos ruins e angustiantes de forma muito rápida);
- muda de humor sem motivo nenhum. A pessoa pode sentir-se deprimida pela manhã e eufórica com o passar do dia, ou o contrário;
- fica agitado e angustiado, não tem esperança e tem vontade de morrer. Pode ter ataques de raiva, e ficar explosivo;
- não consegue dormir e come demais ou de menos;
- em casos mais graves, o paciente pode ver coisas e ouvir vozes;
- pode chorar e rir ao mesmo tempo ou chorar e depois rir sem motivo nenhum e mudar de repente.
A característica mais marcante no episódio misto é um sentimento ruim, de um peso no peito, de tristeza e de angústia misturados, mas muito agitado e, às vezes, com raiva.
Saiba mais:
- ABRATA - Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos: www.abrata.com.br.
- Instituto de Psiquiatria-Hospital das Clínicas-FMUSP - Grupo de Estudos de Doenças Afetivas –GRUDA: www.hcnet.usp.br.
- PRODAF - Programa de Distúrbios Afetivos e Ansiosos: www.unifesp.br/dpsiq/grupos/assistenc.htm.
- Hospital de Clínicas de Porto Alegre - HCPA/Laboratório de Psiquiatria Molecular: www.pesquisabipolar.com.net.
- STABILITAS - Associação dos Usuários de Estabilizadores do Humor Familiares e Amigos: www.stabilitas.kit.net.
Sites sobre bipolaridade
- www.bipolaridade.com.br
- Associação Brasileira de Transtorno Bipolar
- Janssen-Cilag
www.janssen-cilag.pt/disease/detail.jhtml?itemname=bipolar
- Portal de Psiquiatria
http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?art=367&sec=26
- Psicosite
- UNIFESP - EPM
- CREMESP – Conselho Regional de Medicina de São Paulo
- Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares
LIVROS
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Filme:
- Mr. Jones- filme com Richard Geere
- Documentário do ator Stephen Fry em 14 partes. Abaixo, o link da Parte 1. As demais podem ser vistas ao clicar no lado direito da tela seguindo a seqüência.
cocaine is for the girls who’d rather pass out, than to fake the orgasm they didn’t get.
You need to know a bit about brain left/right structure and function and CNS crosswiring, nasal direct wiring, and the effects and some history of cocaine to use it to best effect. It also helps to know about the drug war and the insanity it has wrought on society. And yes, women using cocaine tend to like it up the butt. Nothing wrong with that.